Inspirámos-nos na história de Vera do Vale e Francisca Oliveira, que conta as desavenças de dois vizinhos com saudade do verão e do cantar dos pássaros.
Para tanto, criámos diálogos que se foram combinando, em cena, com fundos cénicos, trechos musicais e partes contadas por um narrador, que se responsabiliza pela combinação entre os diferentes momentos da história.
O primeiro desses diálogos acontece num banco de jardim, onde os dois vizinhos se sentam, num fim de tarde de outono.
Zé – Este tempo entristece-me, Manuel!
Manuel – Sem dúvida, Zé! A mim também!
Zé – Lembro-me dos nossos finais de tarde no verão!
Manuel – E eu… dos passeios pelo parque até ser noite!
Zé – Das cores, dos cheiros…, das flores…!
Manuel – … da tua boca aberta, a olhar para o ar e para as borboletas, a passear de flor em flor!
Zé – É!... E tu? Sempre a tentar imitar os assobios da passarada!
Manuel – E a olhar com inveja a criançada que corria e pulava por aqui.
Manuel – Aiii!
Zé – Aiii! Manuel!
Manuel – Aiii… saudade!
Zé – Que saudade!
Zé – Olha! Já nem os meninos riem!
Manuel – Nem os pássaros cantam!
Zé – Nem os ralos!
Manuel – Pois!... nem os ralos!
Narrador – E foi a última tarde em que os dois vizinhos se encontraram no jardim. Quase não trocaram mais palavras e foi tristemente que se afastaram…
Zé – Boa noite, Manuel Bicas!
Manuel – Boa noite, Zé Costica!
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